ENCONTRO NINHOS DE CENTAUROS
a poesia transborda no dorso do enigma
estou longe de mim no fundo dos olhos do centauro
o mundo me habita e uma aquarela espera o seu galope
dentro da infância busco atravessar a ponte
sua voz me guia e inventa fantasmas de barro
trago em mim outras feras e um peixe a escrever flores
procuro um milagre e resta apenas este poema
centauro de língua escarlate
a galopar o espelho
estou aqui na poeira dos seus passos
de mãos dadas com seu filho a cravar palavras a afogar dias
não importa o labirinto brinco de deus e beijo suas raízes
no balanço da rede resta o silêncio e o cheiro do sol na carne
[da moça na encruzilhada a construir a arca da salvação
longe de mim a olhar a sombra dos vaqueiros
estou aqui tragédia a morder poeira
trago em mim um epitáfio e uma romaria
não sei ser quase sou pedra barro lama sêmen
semente de relógio em um deserto de cicatrizes
minha cruz a marcar o silêncio
não me ofereça o paraíso preciso de uma sombra
o poema se aproxima a caminhar além das preces
espero o movimento de suas lâminas
em mim os cavalos e os pássaros invocam o sacrifício da vida